Poesias

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O deserto e o homem

O sol ardente devora o deserto
numa visão que tenho enquanto durmo.
A areia e o vento não existem, não passam
por entre os dedos de ninguém.
Estou no meio do mundo e centralizo a terra
diretamente sobre os meus olhos e os fecho
para que toda a areia não os cegue,
nem os canse. Tento em vão acordar, em vão.

Aqui posso contemplar em silencio as estrelas,
tocá-las com os lábios se quiser.
Posso senti-las mais perto e os meus passos
perdem-se na areia sem rastro algum.
Deserto - Eu esqueci o mundo e o medo
já não existe mais entre os meus medos.
Escureço minhas pálpebras caso a areia
as deixe a tona de miragens falsas.

Moisés já esteve aqui por sobre mim
junto com seu povo em caminhada.
Segui-os até o mar e cheguei perto
da vermelhidão de toda a sua água.
E o mar ele abriu num só caminho
e em mim, seus passos se adentraram,
ao longe a terra santa, a prometida.
No entanto, eu estava lá, também estava.

Outros profetas, outros grandes homens,
junto comigo estiveram e pernoitaram
nas minhas ondas brancas sem fronteiras.
Eu as sou no desconhecido e no negro.
Deserto! Eu sou negro à noite.
Peço ao céu uma canção de estrela
é-me negado e padecendo eu volvo
Para minhas entranhas e areias.


Marianne Lee

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