Poesias

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O Céu e o homem


                                              Para Bowie.

Pelo espaço adentro me lancei
buscando um sonho de estrela que tivera
quando menino – Homem feito sou!
Agora o sonho parece tão pequeno.
Quero contê-lo na palma da mão,
mas ele foge e em outro caminho
eu o vislumbro, quando penso tê-lo,
ele se esvai com a poeira cósmica.
Há tanto tempo estou aqui,
já nem lembro quantos anos.
Parti para as galáxias e me encontrei
em outros lugares estranhos e grandiosos.
Planetas sem nomes e vãs almas.
Plantas mortas, água gelada e amarga.
Encruzilhadas confusas, cansaço.
A visão se turva e eu adormeço.
No meu ser em uníssono
a alma e o coração em coro encerram:
Volta pra terra ò homem do espaço,
porque o espaço não é a tua terra!
O tempo demasiado me mostrou
cabelos brancos e pele enrugada;
ossos fracos e as costas curvas
como a zombar do meu sonho de menino;
que nem lembro mais quando o sonhei.
Se naquela noite em que fitei estrelas
ofuscando ao redor, belezas plenas.
O sonho que jamais tivera em mim.
O sonho que sequer ousei sonhar!
A ilusão da procura, do encanto,
do escuro e do espaço.
Voltei à terra sem saudade alguma;
jamais quisera estar aqui de novo.
Obrigou-me o destino e eu não podia
morrer sozinho em meio às estrelas;
poderia apagar o seu brilho.
Um vil ser morto - A beatitude
Que somente elas têm. - Somente elas.
Cai no mar. Estava calmo aquele dia
como se esperasse um viajante velho.
A água salgada tomou-me os pulmões,
comecei a tossir com força e dor.
Cheguei à praia, toquei a areia,
calosas mãos em frangalhos.
Dentro de mim, uma voz conhecida e rouca.
Falou-me entre soluços, cantou-me a velha canção:
O teu lugar não é aqui é com as estrelas
a vagar sozinho pelo espaço imenso,
pois nascestes com o destino de quem erra.
O teu desejo no universo evapourou-se.
Volta logo, viajante, volta logo!
A tua terra é no espaço e não na terra!
A voz que me falava era o meu sonho,
tão velho quanto eu e tão medonho.

Marianne Lee

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