Para Ernest H.
É calma noite de um ano!
Como todos os anos e todas as noites
o mar revolto em mim agita as ondas...
Meu coração ficou nas areias geladas da praia.
Não vejo estrelas como as deveria ver,
brilhantes neste céu sem brilho.
A espuma do mar que também sou
Fustiga-me. Leva a mim o frio que não sinto.
Eu sou o frio nesse mar antártico!
Não sei como virei mar.
Não sei como meu barquinho
naufragou e virei mar.
Certa vez - num sonho, eu lembro;
Era menino ainda. Um pequeno rio sem divisas
via-me correr por entre as pedras
e num vagão de um trem através da janela,
eu senti serem as pedras obstáculos
no meu caminho para o mar.
Hoje aqui, ora a vagar pelas areias da praia
e do fim de um porto... Ouço uma canção.
Não é do sol, é mais perto daqui – uma sereia!
Ela me evoca e me fascina!
Digo Que não me pertenço
e escuto uma lágrima caindo no meu smoking.
Limpo-a na maré de minhas mãos... No ruído do vento
e a sacio completamente.
Uma gaivota tenta persuadir-me por um peixe;
Eu não a escuto... Estou em êxtase!
Naufragar e vagar em mim.
Descobrir-me novamente
com riquezas escondidas
em minhas profundezas,
com vidas.
Não sei como nem quando virei mar.
Apenas sei que naufraguei em mim
e já não sei como voltar a ser.
Marianne Lee
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