Poesias

domingo, 21 de outubro de 2018

Criança-Criatura-Criação

                                              À Mary Shelley


Maria concebeu em densas linhas,
e com lágrimas purgou a dor do parto,
um filho projetado em carne e raios,
a tempestade de sua alma ditou o ato.

Prometeu a si mesma não falhar
em moderna sintonia com o seu Eu.
Tecer o texto e velando, costurar
a carne em brasas de um Moderno Prometeu.

Noites ruíram, insone. Escutem o pranto
derramado em cada página por tão jovem escrita.
A visão em sonhos do seu monstro arrefeceu
os temores e as suas lágrimas nunca vistas.

Do amor ao Poeta que se distanciava,
velas e penas foram lidas- Se exauriu.
A criança-criatura tomou forma,
julgou ser filho do pai que o repeliu.

Duzentos anos se passaram e a criação,
nos permeia a escrita, e assim diria
permanece atual. Em nossos corações,
a dor e o luto na escritura de Maria.

















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