Abstratos somos todos, inclusive para nós mesmos. Sim, somos! Cada um nos enxerga de uma perspectiva diferente e assim pensam, e pensamos, nos decifrar. Conhecemo-nos? Quem nos conhece? Vemos, decerto, estas molduras que nos cercam, às vezes gastas ou disformes, às vezes altivas e reluzentes, mas a essência delas nos é negada. Eu penso que o essencial é o olhar, é o que nos resta, se a pintura é abstrata.
Poesias
quinta-feira, 9 de agosto de 2018
In Libro Veritas
O livro que tenho nas mãos,
não é só um livro.
Ele abocanha um pedaço do mundo.
Já foi árvore que balançou ao vento.
Foi folha outonal e quase fruto;
raiz que se enroscou em pedras
e bebeu do sumo da terra.
E, agora ,está aqui, quietinho.
Antes, foi serrado, dobrado, surrado.
Tingido com pequenas letras.
Adornado em negrito, com suaves traços.
Espelho da alma - a tradução.
Aí do nada, você pergunta:
- È Machado, É Marcel?, É Clarice?
- É Barreto, É Drummond, É Foucault?
- É Fiódor, É Bandeira, É Calvino?
- E se for? - Mas, não é.
- Agora é Rosa!
O seu e o meu sertão.
Que Prosa!
O libro é um machado,
Machado que nos transporta,
nos transborda, nos transforma.
Atente!
O som do Machado desce,
e acerta o crânio ao meio,
vai deixando as toras partidas,
nas horas lidas.
Este é o fruto colhido,
tardio e maduro. Que sabor!
O libro pronto é um Casmurro, é um Riobaldo!
Abundantes!
Marianne Lee
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário