Escrevo versos como se despisse
o mundo todo da humana maldade,
e o cobrisse de pétalas e aromas,
de canções, de sonhos e felicidade.
Escrevo versos como quem encontra
na mente alguma coisa boa.
Um horizonte ao longe se firmando,
por um caminho, por uma pessoa.
Escrevo versos como se ouvisse
de Beethoven a quinta sinfonia,
com a mesma intensidade e o mesmo ardor,
de um delírio ou alegria.
Escrevo versos como se fitasse
um belo Renoir, um trágico Goya.
Como se de uma concha vislumbrasse
o nascer de uma pérola - cara jóia.
Escrevo versos como se sonhasse
que poderia tê-los na palma da mão.
Eu os escrevo com a alma, com os olhos,
suspiros, soluços, com o coração.
Escrevo versos como quem em silêncio
uma lágrima de amor sufoca,
pra não perdê-la por entre os caminhos
que invariavelmente levam à boca.
Escrevo versos como quem escreve
à posteridade anseios medonhos.
Tão verdadeiros como a própria vida,
tão fictícios como os tenros sonhos.
Marianne Lee
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